5 Erros ao Despachar com o Juiz [E Como Corrigir Cada Um Deles]

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Andreia Oliveira
Graduada pela Universidade Paulista, Pós-Graduada em Direito Público pela ESA, Especialista em Ações de Família

Você tem cinco minutos com o juiz. Pode parecer pouco — mas é o suficiente para conquistar uma liminar essencial ou, por descuido, comprometer toda a sua estratégia processual.

Despachar com o magistrado é uma das tarefas mais delicadas da advocacia. É o momento de traduzir, com clareza e convicção, a urgência do seu pedido. Um erro nessa abordagem pode custar não apenas o deferimento de uma medida, mas também a credibilidade do advogado perante o juízo.

Neste artigo, inspirado no vídeo da Dra. Andreia Oliveira, vamos revelar os 5 erros mais comuns cometidos ao despachar com o juiz — e, mais importante, como evitar cada um deles com técnica, planejamento e postura profissional.

1. Despachar Sem Peticionar Antes

Por que esse erro é grave?

Despachar diretamente com o juiz sem ter protocolado a petição correspondente é como tentar convencer alguém a comprar um produto sem mostrar a embalagem. O magistrado precisa ter a matéria formalizada nos autos para fundamentar qualquer decisão. Quando não há petição, ele sequer pode deliberar — o que transforma seu esforço em um gesto vazio.

Como corrigir esse erro:

Antes de qualquer tentativa de despacho pessoal, certifique-se de que a petição foi protocolada. Se for um pedido urgente, anexe documentos essenciais e sinalize a urgência no corpo da petição. Depois disso, agende o despacho ou peça para ser recebido, com base na existência do documento já nos autos.

Dica de ouro: Comece sua fala com:
“Excelência, peticionamos ontem nos autos do processo nº XXXXXXXX e gostaríamos de destacar, brevemente, os fundamentos do pedido de tutela de urgência…”

Isso demonstra preparo, formalidade e respeito à tramitação regular do processo.

2. Falar de Forma Desorganizada (Sem Roteiro Estratégico)

Por que esse erro acontece?

Muitos advogados, especialmente iniciantes, acreditam que basta “explicar o caso” ao juiz para convencê-lo. No entanto, uma exposição desorganizada confunde, dilui a força do pedido e consome o pouco tempo disponível.

Como corrigir esse erro:

Antes do despacho, crie um roteiro mental — ou escrito — com os seguintes pontos:

  1. Identificação do processo e do pedido
  2. Fato gerador da urgência ou da medida pleiteada
  3. Fundamento jurídico
  4. Risco de dano ou perecimento do direito
  5. Objetivo claro do despacho

Modelo de fala estruturada:
“Excelência, trata-se de uma ação de obrigação de fazer, na qual requeremos a imediata autorização de cirurgia. O plano de saúde está se negando a autorizar, mesmo com laudo médico anexado. A demora pode agravar o quadro clínico da paciente, de 72 anos. O pedido é de tutela de urgência, com base no art. 300 do CPC.”

Essa organização mostra domínio do caso e respeito ao tempo do magistrado.

3. Ignorar a Importância da Oratória e da Apresentação

O que esse erro revela?

Vestir-se de forma inadequada, falar baixo ou de forma hesitante, evitar contato visual ou utilizar termos imprecisos são sinais de despreparo — e transmitem insegurança. Mesmo que o conteúdo esteja tecnicamente correto, a forma como ele é apresentado influencia diretamente na receptividade do juiz.

Como corrigir esse erro:

Trate o despacho como uma mini audiência. Utilize uma linguagem objetiva, formal e segura. Cuide da aparência: roupas sociais e discretas são a melhor escolha. Use um tom de voz firme e sereno. Evite jargões jurídicos desnecessários.

Dica prática de oratória:

  • Respire fundo antes de começar;
  • Fale pausadamente;
  • Mantenha contato visual com o juiz (sem encarar);
  • Não gesticule excessivamente.

Pequenos ajustes fazem grande diferença na imagem profissional que você projeta.

4. Justificar o Pedido com Argumentos Emocionais ou Genéricos

Por que esse erro compromete sua estratégia?

O juiz decide com base na legalidade, na verossimilhança e nos elementos dos autos. Quando o advogado se apoia apenas em argumentos emocionais — como “o cliente está desesperado” ou “isso é uma injustiça” — perde a chance de convencer com base técnica.

Como corrigir esse erro:

Foque nos fundamentos jurídicos e nos elementos probatórios. Se houver uma situação sensível (como um paciente em risco), mencione o fato de forma objetiva e com base documental, conectando-o à legislação e à jurisprudência.

Exemplo de fala técnica com apelo legítimo:
“O laudo médico acostado aponta risco de morte se a cirurgia não for realizada em até 48h. Trata-se, portanto, de situação que preenche os requisitos do art. 300 do CPC: probabilidade do direito e perigo de dano.”

Essa abordagem alia sensibilidade ao rigor técnico, o que aumenta a chance de sucesso.

5. Finalizar Sem Reforçar o Pedido ou Deixar Abertura Para o Juiz

Qual o problema desse erro?

Após toda a argumentação, deixar o despacho terminar sem uma conclusão assertiva pode transmitir indecisão. Muitos advogados terminam com frases vagas como “é isso” ou “qualquer coisa estou à disposição” — o que enfraquece a mensagem.

Como corrigir esse erro:

Finalize reforçando o pedido de forma clara e cortês, mas com firmeza. Ao mesmo tempo, esteja aberto a ouvir o juiz, caso ele queira fazer perguntas ou apontar caminhos alternativos.

Modelo de encerramento eficaz:
“Excelência, diante desses fundamentos, reiteramos o pedido de concessão da medida liminar nos termos requeridos na petição. Ficamos à disposição para qualquer esclarecimento adicional que Vossa Excelência entender necessário.”

Esse tipo de encerramento fecha o raciocínio, reforça o pleito e mantém o canal de diálogo aberto.


Considerações Finais: Despachar É Uma Arte Que Se Aprende

Despachar com o juiz exige mais do que conhecimento jurídico: requer preparo estratégico, inteligência emocional e habilidades de comunicação. Evitar os erros listados acima é um passo essencial para se tornar um advogado mais respeitado, técnico e eficaz.

Ao longo da carreira, cada despacho se torna uma oportunidade de aprimoramento.

A Dra. Andreia Oliveira lembra que os melhores resultados vêm com treino, observação e prática consciente.

Por isso, não tenha medo de errar — mas esteja sempre pronto para corrigir, ajustar e evoluir.

💡 Dica bônus: Quer praticar? Escreva seus roteiros de despacho com base em petições reais. Treine a fala em frente ao espelho ou grave vídeos simulando a situação. Isso aumenta sua autoconfiança e reduz o nervosismo nos momentos decisivos.


FAQ – Perguntas Frequentes

1. Preciso sempre peticionar antes de despachar?
Sim. O juiz só pode deliberar com base no que está nos autos. O despacho oral serve para destacar e contextualizar, mas nunca para substituir a petição.

2. Existe um tempo padrão para o despacho?
Não há tempo definido, mas geralmente os despachos são rápidos — de 3 a 7 minutos. Por isso, a objetividade é fundamental.

3. Posso despachar com o juiz em qualquer fase do processo?
Depende. Em geral, os despachos são mais comuns em pedidos urgentes, liminares, ou quando há risco de perecimento do direito. Sempre que possível, consulte o cartório para verificar a disponibilidade.

Se você gostou deste conteúdo, assista ao vídeo completo com a Dra. Andreia Oliveira, disponível no canal Advocacia Quântica. Inscreva-se, curta e compartilhe com seus colegas — porque conhecimento jurídico também se transmite em rede!

📺 [Assista agora: 5 Erros ao Despachar com o Juiz – E Como Corrigir Cada Um Deles]

Andreia Oliveira
Graduada pela Universidade Paulista, Pós-Graduada em Direito Público pela ESA, Especialista em Ações de Família

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